sexta-feira, 4 de outubro de 2013

8ª POSTAGEM: texto FUNDAR - Competências prioritárias para a formação de professores de Paulo Gileno Cysneiros

ANEXO 36
Competências prioritárias para a formação de professores
Paulo Gileno Cysneiros

Refencial de Competências
Por questões práticas, Perrenoud (2000, 2001b) postula dez domínios de competências prioritárias para a formação de professores de nível fundamental e médio. Cada um dos dez domínios é desdobrado em quatro ou cinco competências de segundo nível, perfazendo 44 no total. Outros desdobramentos seriam possíveis, porém ao preço de perda da facilidade de utilização do referencial em situações concretas.
Neste trabalho organizamos os dez domínios de competências em quatro categorias:
I - Quatro domínios referem-se especificamente ao ENSINO, aos problemas perenes de qualquer didática:
            1. Organizar e dirigir situações de aprendizagem (cerne do ofício do professor) - Conhecer os conteúdos a serem ensinados e sua tradução em objetivos de aprendizagem. - Trabalhar a partir das representações dos aprendizes - Trabalhar a partir dos erros e obstáculos à aprendizagem - Construir e planejar dispositivos e seqüências didáticas - Envolver os alunos em atividades de pesquisa, em projetos de conhecimento.
            2. Administrar a progressão das aprendizagens (visão longitudinal do todo) - Conceber e administrar situações-problema ajustadas ao nível e possibilidades dos aprendizes - Adquirir uma visão longitudinal dos objetivos do ensino - Estabelecer laços com as teorias subjacentes às atividades de aprendizagem - Observar e avaliar os aprendizes em situações de aprendizagem, de acordo com uma abordagem formativa - Fazer balanços periódicos de competências e tomar decisões de progressão rumando em direção a ciclos de aprendizagem.
            3. Conceber e fazer evoluir dispositivos de diferenciação (evitar as mesmas lições e exercícios para todos, pois a diversidade de aprendizes é a norma)  - Administrar a heterogeneidade no âmbito de uma turma - Abrir, ampliar a gestão de classe para um espaço mais amplo - Fornecer apoio integrado e trabalhar com aprendizes portadores de grandes dificuldades - Desenvolver a cooperação entre os alunos e formas simples de ensino mútuo.
4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho (motivação) - Despertar o desejo de aprender, explicitar a relação com o saber, o sentido do trabalho escolar e desenvolver a capacidade de auto-avaliação - Instituir um conselho de alunos e negociar tipos de regras e de contratos - Oferecer atividades opcionais de formação - Favorecer a definição de um projeto pessoal do aprendiz
II - Três domínios focalizam a ATIVIDADE DO PROFESSOR NA ESCOLA como instituição:
            5. Trabalhar em equipe (cooperar com colegas, especialistas, administradores) - Elaborar um projeto em equipe e representações comuns - Dirigir um grupo de trabalho, conduzir reuniões - Formar e renovar uma equipe pedagógica - Enfrentar e analisar em conjunto situações complexas, práticas e problemas profissionais - Administrar crises e conflitos interpessoais
            6. Participar da administração da escola (não ficar apenas na sala de aula) - Elaborar e negociar um projeto de instituição - Administrar os recursos da escola - Coordenar e dirigir uma escola com todos os seus parceiros - Organizar e fazer evoluir, no âmbito da escola, a participação dos alunos - Trabalhar em ciclos de aprendizagem.
            7. Informar e envolver os pais (em relacionamentos de parceria) - Dirigir reuniões de informação e de debate - Fazer entrevistas, ouvir e compreender, negociar - Envolver os pais na construção de saberes, sem temores ou subterfúgios, considerando-os como parceiros
III - Dois domínios são relativos ao próprio EDUCADOR:
8. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão - Prevenir a violência na escola e fora dela - Lutar contra preconceitos e discriminações sexuais, étnicas e sociais - participar da criação de regras comuns referentes à disciplina na escola, às sanções e à apreciação da conduta - Analisar a relação pedagógica, a autoridade e a comunicação em aula - Desenvolver o senso de responsabilidade, a solidariedade e o sentimento de justiça.
9. Administrar sua própria formação contínua - Saber explicitar as próprias práticas - Estabelecer seu próprio balanço de competências e seu programa pessoal de formação contínua - Negociar um projeto de formação comum com os colegas (equipe, escola, rede) - Envolver-se em tarefas em escala de uma ordem de ensino (fundamental ou médio) ou do sistema educativo local, regional e nacional - Acolher a formação dos colegas e participar dela - Ser agente do sistema de formação contínua.
IV - Um último domínio abrange as categorias anteriores.
            10. Utilizar Novas Tecnologias da Informação e Comunicação
Aqui Perrenoud destaca quatro competências de segundo nível:
- Utilizar editores de texto
- Explorar a potencialidade didática de aplicativos
- Comunicar-se à distância por meio da telemática
- Utilizar ferramentas multimídia no ensino.

Como esta última família de competências trata de uma área em mutação, com o constante surgimento de novas ferramentas e sobre as quais muita coisa rica (e outras questionáveis) têm sido escritas, consideramos que merece revisão dentro do próprio modelo. O capítulo que trata deste tema foi escrito em abril de 1998, quando as novas tecnologias da informação não tinham a maturidade que têm hoje.

 (fragmento de Competências para ensinar com novas tecnologias, Paulo Gileno Cysneiro,

Outras leituras sobre competências:

CYSNEIROS, Paulo G. Novas Tecnologias na Sala de Aula: Melhoria do Ensino ou Inovação Conservadora? In IX ENDIPE, Anais II, vol. 1/1, pp. 199-216. SP, Águas de Lindóia, Maio de 1998.

CYSNEIROS, Paulo G. Iniciação à Informática na Perspectiva do Educador. Revista Brasileira de Informática na Educação (UFSC, Depto de Informática), n.07, pp.49-64, Setembro de 2000.

CYSNEIROS, Paulo G. Gestão Escolar, Parâmetros Curriculares e Novas Tecnologias na Escola. In E. F. Ramos; M. C. Rosatelli, & R. S. Wazlawick. Informática na Escola: Um Olhar Multidisciplinar. Fortaleza, Ceará, Editora UFC, 2003a..

CYSNEIROS, Paulo G. Fenomenologia das Novas Tecnologias na Educação. Revista da FACED, n.7. Salvador, Universidade Federal da Bahia, 2003b.

CYSNEIROS, Paulo G. Novas Tecnologias, Informação e Educação. Educação e Sociedade. CEDES, Campinas, São Paulo, n.88, Abril de 2005 (aceito para publicação).

MEIRIEU, Philippe. A Pedagogia entre o Dizer e o Fazer: A Coragem de Começar. Porto Alegre, RS, ArtMed, 2002.

PERRENOUD, Philippe. Construir as Competências desde a Escola. Porto Alegre, RS, ArTmed, 1999.

PERRENOUD, Philippe. Dez Novas Competências para Ensinar: Convite à Viagem. Porto Alegre, RS, ArTmed, 2000.

PERRENOUD, Philippe. Dez Novas Competências para uma nova profissão. Pátio Revista Pedagógica. Porto Alegre, RS, n.17, pp.8-12, maio-julho 2001a.

PERRENOUD, Philippe. Ensinar: Agir na Urgência, Decidir na Incerteza. (2ª ed.) Porto Alegre, RS, ArtMed, 2001b.

PERRENOUD, Philippe & GATHER THURLER, Monica. As Competências para Ensinar no Século XXI - Formação dos Professores e o Desafio da Avaliação. Porto Alegre, RS, ArTmed, 2002.

PERRENOUD, Philippe; GATHER THURLER, Mônica; MACEDO, Lino de; MACHADO, Nilson José; ALESSANDRINI, Cristina Dias. Formação de Professores Profissionais. Porto Alegre, RS, ArtMed., 2002.

 


  

Nenhum comentário:

Postar um comentário